Máquina de reciclagem de alumínio
O Brasil, o maior colecionador mundial de latas de alumínio, quebrou seu próprio recorde de reciclar o material em 2014, disse a Associação Brasileira de Alumínio, ou Abal.
Os números podem ser atribuídos aos crescentes custos de energia e à fragilidade de uma economia atormentada pela recessão e aceleração da inflação, disse Abal.
Os custos de energia para as indústrias aumentaram, tornando a produção de alumínio primário mais caro e, por sua vez, impulsionando a taxa de reciclagem do metal até 98,4 %, ou 1,3 pontos percentuais a mais que em 2013, quando um recorde foi estabelecido.
Durante os 12 meses encerrados em 31 de março, o custo de energia no Brasil aumentou 60 %, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou Ibge.
"A produção de alumínio migra para onde a energia é mais barata e, infelizmente, estamos passando pela desindustrialização do alumínio primário ", disse Mario Fernandez, coordenador do Comitê de Mercado de Reciclagem de Abal.
"As indústrias que se mantêm na produção de alumínio primário são aquelas que produzem sua própria energia ou, caso contrário, não seriam capazes de continuar ", disse Fernandez.
A produção de alumínio secundário a partir de material reciclado consome 95 % menos energia, disse Fernandez.
"Infelizmente, o alumínio secundário é limitado ", disse Fernandez." Já estamos até 500.000 toneladas por ano e não há como coletar muito mais sem importar sucata, algo que já estamos fazendo."
O Brasil, de acordo com os números de Abal, consome 1,4 milhão de toneladas de alumínio a cada ano, com 33 % do material entrando em latas para bebidas e outros produtos.
Nos próximos anos, disse Fernandez, pode haver uma nova onda na demanda por alumínio no país.
"O primeiro boom de alumínio no Brasil foi para embalagens, e o segundo será para veículos a motor, que, para cumprir a legislação, devem reduzir as emissões de carbono, algo que pode ser feito apenas através de mudanças no combustível ou reduzindo o peso usando alumínio ", disse Fernandez.
Os carros do Brasil têm uma média de 30 quilos (66 libras) de alumínio, em comparação com 150 quilos (330 libras) por carro na indústria automobilística dos EUA.
"O espaço para expansão no Brasil é enorme ", disse Fernandez.
Entre 2013 e 2014, as vendas de latas de alumínio no Brasil aumentaram 11 %, em comparação com uma taxa de crescimento de 12,5 % para o alumínio reciclado, colocando o país sul -americano à frente do Japão, Estados Unidos e Europa, disse Abal.
A reciclagem generalizada no Brasil é impulsionada pelos pobres, que organizam cooperativas para coletar latas, sendo a atividade frequentemente a única fonte de renda para as famílias.
Angela Gonzaga, presidente da cooperativa de reciclagem no distrito de Pindamonhangaba, localizado a 100 quilômetros a nordeste de São Paulo, disse à EFE que as pessoas no Brasil não separavam materiais, que atingiam os aterros sujos ou misturados com outros materiais, como como papel.
"Se tivéssemos um pouco mais de apoio para aumentar a conscientização da população, nosso trabalho seria melhor, isso renderia muito mais ", disse Gonzaga, acrescentando que um quinto dos membros cooperativos trabalhava na separação de materiais, o que é um desperdício de tempo e uma perda de eficiência.